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Portal da Tuberculose

A Prova Tuberculínica (PT) é o exame mais importante para o diagnóstico da infecção latente da tuberculose (ILTB) no Brasil. Entretanto, devido às dificuldades inerentes ao processo de treinamento nas técnicas de aplicação e de leitura da PT, em determinadas regiões do País, este exame ainda encontra-se restrito aos serviços de referência para tuberculose (TB), hospitais e clínicas especializadas, quando deveria ser ofertada na rotina dos diferentes tipos de unidades de saúde, próximo à residência das pessoas, especialmente, naqueles em que contatos de casos de TB e pessoas vivendo com HIV/aids são atendidas.

 

A padronização das técnicas de aplicação e de leitura da PT confere ao exame maior confiabilidade e precisão na indicação do tratamento da ILTB, sendo esta uma das medidas mais importantes para o controle da doença. A partir do incremento da PT, pode-se contribuir para um maior conhecimento sobre o comportamento, o desenvolvimento da TB e da ILTB em grupos específicos. 

 

Sendo assim, esse estudo permite estimular a capacitação de mais profissionais de saúde para a aplicação e a leitura da PT nos serviços de saúde, deixando de ser restrito aos serviços especializados. Com isso, espera-se um incremento na formação dos enfermeiros na técnica de aplicação e de leitura da PT, uma vez que a falta de instrutores e de multiplicadores é um problema que deve ser resolvido a partir da priorização da
capacitação em PT no País.


Com base nas recomendações atuais do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), espera-se ampliar o acesso à prova tuberculínica nos serviços de saúde como recurso para o diagnóstico da infecção latente da TB, especialmente para os grupos com maior risco de adoecimento por tuberculose.

PROVA TUBERCULÍNICA

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Introdução - No Brasil, a tuberculose (TB) ainda constitui-se como um grave problema de saúde pública. Atualmente, cerca de 70 mil pessoas desenvolvem a TB ativa e mais de 40 milmorrem em decorrência deste agravo. Algumas medidas devem ser implementadas para prevenir o adoecimento por TB, entre as quais se destaca o tratamento da infecção latente da tuberculose (ILTB) para pessoas com maior risco de adoecimento. O Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) possui uma política de expansão da utilização da prova tuberculínica (PT), que conta com uma rede de multiplicadores responsáveis pela capacitação de profissionais na aplicação e na leitura daPT nos âmbitos nacional, estadual e municipal. O presente manual tem como objetivo apoiar a padronização das técnicas de aplicação e de leitura da PT com os profissionaisde saúde que realizam as ações de controle da tuberculose no País, tanto na Atenção Básica, como em ambulatórios especializados e na rede hospitalar.
 
Tuberculose ativa e infecção latente da tuberculose - O indivíduo, ao entrar em contato com o Mycobacterium tuberculosis, conta com diferentes mecanismos de defesa inespecíficos contrários à instalação do bacilo, entre eles os pelos nasais, a angulação das vias respiratórias, o turbilhonamento aéreo, a secreção traqueobrônquica e, o mais importante, a limpeza mucociliar (LUNA, 2003). Vencidas essas barreiras, o bacilo instala-se no pulmão, onde são fagocitados pormacrófagos alveolares que, eventualmente, os transportam aos gânglios linfáticos e hilares. Os bacilos podem se multiplicar livremente dentro dos macrófagos e chegar adestruí-los, passando ao espaço extracelular. Alguns bacilos podem ser transportados por via linfo-hematogênica disseminando-se, nesse caso, por todo o organismo (LUNA, 2003; FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2008; FARGA; CAMINERO, 2011).
 
Cerca de 5% dos infectados não conseguem impedir a multiplicação inicial do bacilo edesenvolvem tuberculose ativa na sequência da primoinfecção (tuberculose primária).Outros 5%, apesar de bloquearem a infecção nesta fase, adoecem posteriormente (tuberculose pós-primária ou secundária) por reativação desses bacilos (reativaçãoendógena) ou por exposição à nova fonte de infecção (reinfecção exógena) (FARGA;CAMINERO, 2011).
 
Entre os infectados, a maioria (cerca de 90%) resiste ao adoecimento após a infecção e desenvolve imunidade parcial à doença. Nesses casos, os bacilos ficam encapsulados, em estado latente, em pequenos focos quiescentes, chamado de infecção latente datuberculose (FARGA; CAMINERO, 2011). Por sua vez, o portador da infecção latenteda tuberculose, a depender dos fatores de risco, pode ter indicação para realizar otratamento da ILTB.10
 
Secretaria de Vigilância em Saúde|MS
 
Em crianças e adolescentes o resultado da PT deve ser analisado em conjunto com outras manifestações clínicas e epidemiológicas, por meio do escore clínico para afastar o diagnóstico da tuberculose pulmonar, particularmente, nos casos negativosa baciloscopia com finalidade de permitir o tratamento da ILTB (Ver Manual derecomendações para o controle da tuberculose no Brasil, 2011). Assim, um resultado positivo à prova tuberculínica não diagnostica a tuberculoseativa, mas indica que o indivíduo foi infectado pelo Mycobacterium tuberculosis em algum momento de sua vida.
A Tuberculina - A tuberculina é um produto obtido de um filtrado de cultivo de sete cepas selecionadasdo M. tuberculosis esterilizado e concentrado (LUNA, 2003). Trata-se de um líquido injetável límpido, incolor ou levemente amarelado. No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT-23 (PPD – Purified Protein Derivatite,RT: Reset Tuberculin, 23: número da partida) de procedência dinamarquesa (StatensSerum institut de Copenhague/Dinamarca) (KRITSKI; CONDE; SOUZA, 2000; LEE,1998). O diluente contido no PPD RT 23 é chamado Tween 80 (polissorbato 80), que é detergente, não iônico e usado para impedir o fenômeno físico da adsorção das proteínas às paredes do frasco e do plástico da seringa (FARCA; LUNA, 1992; SUCCI, 2000).
 
Fundamentos da Prova Tuberculínica - A prova tuberculínica é um teste diagnóstico de ILTB que se baseia em uma reação de hipersensibilidade cutânea após a aplicação do PPD por via intradérmica, em que aleitura é realizada 48 a 72 horas após a aplicação, podendo ser estendido até 96 horas (BRASIL, 2011b). A PT evidencia uma reação de hipersensibilidade do organismo diante das proteínasdo bacilo da tuberculose, após contato com o M. tuberculosis. O teste sofre interferênciada vacinação BCG e de micobactérias não tuberculosas (MNT), mas não sensibilizanão infectados, mesmo que repetido várias vezes (LUNA, 2003). A inoculação do antígeno desencadeia uma reação do tipo antígeno-anticorpo (RUFFINO-NETTO, 1979), seguida de uma resposta dependente da reatividade celularde linfócitos T sensibilizados, que, após a reexposição às estruturas antigênicas dobacilo, tornam-se ativados e, consequentemente, expressam-se no local de aplicação daPT. (SOLÉ, 2002). Isso significa que, ao inocular as proteínas do M. tuberculosis na peledo infectado, observam-se no infiltrado algumas células-chaves tais como linfócitos emonócitos (BECK, 1991), e polimorfos nucleares e granulócitos (COMSTOCK et al.,1981; KANTOR, 1982) com predomínio de células T CD4 (BECK, 1991).
Ocorre um aumento da permeabilidade vascular, com exsudação de fluídos (SUCCI,1987), acarretando eritema e edema local na derme, com pico entre 48 a 72 horas apósa administração do PPD. A reação evidenciada é chamada de hipersensibilidade tardia. Esse acúmulo de células mononucleares representa o quadro histológico típico da reação tuberculínica manifestada macroscopicamente nessa reação (LUNA, 2003). Os fatores citotóxicos provocam a citólise, com liberação do conteúdo celular, especialmente enzimas lisossômicas que, além de potencializarem a resposta inflamatória, podem participar da reação de necrose (SUCCI, 1987).
 
Conversão Tuberculínica - Também conhecida como viragem tuberculínica, a conversão ocorre quando umapessoa sem resposta anterior à tuberculina passa a responder ao teste. Considera-seque houve conversão quando ocorre um incremento de pelo menos 10 mm em relaçãoa primeira PT. Para testar a conversão, a segunda PT deve ser realizada oito semanas após a primeira, uma vez que, antes desse período, a pessoa pode se encontrar na janela imunológica (BRASIL, 2011a).
 
Efeito Booster - Os indivíduos infectados pelo bacilo de Koch (BK) podem ter sua capacidade de reaçãoà PT diminuída com o tempo, devido à perda da resposta dos linfócitos T de memória. Esse fato levaria algumas pessoas à resposta negativa da PT mesmo infectado pelo Mycobacterium tuberculosis (LUNA, 2003).A avaliação do efeito booster busca uma reativação da resposta imunológica à tuberculina pelas células de memória, por meio de reforço do estímulo com nova aplicação de tuberculina após uma a três semanas da primeira PT (LUNA, 2003). Define-se como efeito booster, quando a segunda PT (realizada uma a três semana após a primeira) for ≥ a 10 mm, com incremento de pelo menos 6 mm em relação a primeira PT (BRASIL, 2011a).
 
Atualmente, a indicação de testar o efeito booster está bastante restrita, sendo recomendado somente na avaliação inicial de profissionais de saúde ou de trabalhadores de outros serviços com alto risco de transmissão do M. tuberculosis, como instituições prisionais, asilos e albergues) que foram negativos à primeira prova tuberculínica(resultado < 10 mm) para posterior acompanhamento anual de conversão tuberculínica. Ou seja, a segunda aplicação da tuberculina em uma a três semanas após a primeira éutilizada apenas para excluir uma falsa conversão tuberculínica no futuro. Quando se evidencia o efeito booster, considera-se válido o resultado da primeira PT (com booster) e não se deve repetir mais o teste. Nesses indivíduos não há indicaçãode tratar a ILTB, uma vez que o risco de adoecimento é muito baixo (BRASIL, 2011a). Caso na segunda PT não se caracterize o efeito booster, mas o resultado seja ≥ 10 mm (sem o incremento mínimo de 6 mm) também não se indica a realização de novas provas tuberculínicas (BRASIL, 2011a).
Anergia Tuberculínica - Quando um indivíduo está infectado pelo Mycobacterium tuberculosis e não reage à tuberculina, este fenômeno é conhecido como anergia tuberculínica (SARINHO;REIS; BARBOSA, 2002). Para se analisar se a anergia é específica, pode-se empregaro multiteste (com derivados do toxoide tetânico e diftérico, cândida, estreptococos etambém a tuberculina, entre outros), de modo que, se o paciente não apresenta reação a nenhum desses antígenos, pode-se afirmar que a falta de resposta à tuberculina é devido à depressão da imunidade celular (FARCA; LUNA, 1992). Estima-se em 5% apopulação infectada que não responde à PT (SANT´ANNA, 2002).
 
Avaliação qualitativa da Prova Tuberculínica - Na avaliação qualitativa da PT podem ocorrer dois fenômenos: o Koch e o Listeria. O tipo Koch está associado a uma menor proteção ou à sequela da tuberculose ese caracteriza por contorno delimitado, consistência firme e sensibilidade dolorosada enduração. Já o tipo Listeria está associado ao efeito protetor do BCG, com características de diâmetro menor, contorno impreciso, consistência macia e ausênciade sensibilidade dolorosa da enduração (BECK, 1991; SOLÉ, 2002).
 
Sensibilidade e especificidade da Prova Tuberculínica - A PT, como qualquer teste auxiliar no diagnóstico da TB, tem sua sensibilidade e especificidade variáveis, segundo o ponto de corte. Quanto mais próximo de 5 mmse situar o ponto de corte, a sensibilidade será maior e diagnosticará mais infectados por Mycobacterium tuberculosis, o que pode elevar o número de falsos-positivos, perdendo a especificidade. Ao contrário, ao se perder a sensibilidade, elevam-se oscasos falsos-negativos e se ganha em especificidade, na medida em que o corte se situacom valores mais elevados (LUNA, 2003).
A Prova Tuberculínica  
 
Indicações da Prova Tuberculínica
 
A prova está indicada na investigação da infecção latente pelo M. tuberculosis (ILTB) no adulto e na investigação da infecção latente e de TB doença em crianças. Também, pode ser utilizada em estudos epidemiológicos (BRASIL, 2011a).
 
Sem PT realizada
1. Recém-nascidos coabitante de caso índice bacilífero
2. Pessoa vivendo com HIVaids com cicatriz radiológica sem tratamento prévio
3. Pessoa vivendo com HIVaids contato de TB pulmonar

PT ≥ 5 mm
4. Contatos crianças menores de 10 anos, não vacinadas com BCG
5. Contatos crianças menores de 10 anos, vacinadas com BCG há mais de 2 anos
6. Contatos crianças menores de 10 anos de povos indígenas (independente da BCG)
7. Contatos adultos e adolescentes maiores de 10 anos
8. Pessoas vivendo com HIVaids
9. Indivíduos em uso de inibidores do TNF-α
10. Alterações radiológicas fibróticas sugestivas de sequela de TB
11. Transplantados em terapia imunossupressora
12. Indivíduos menores de 65 anos em uso de corticosteroides ( 15 mg de prednisona por
mais de um mês)

PT ≥ 10 mm
13. Contatos crianças menores de 10 anos, vacinadas com BCG há menos de 2 anos
14. Silicose
15. Neoplasia de cabeça e pescoço
16. Neoplasias hematológicas
17. Insuficiência renal em diálise
18. Indivíduos menores de 65 anos com diabetes mellitus
19. Indivíduos menores de 50 anos com baixo peso ( 85% do peso ideal)
20. Indivíduos menores de 50 anos tabagistas ( 1 maçodia)
21. Indivíduos menores de 50 anos com calcificação isolada (sem fibrose) na radiografia

Conversão tuberculínica
22. Indivíduos contatos de TB bacilífera
23. Profissional de saúde
24. Profissional de laboratório de micobactéria
25. Trabalhador do sistema prisional
26. Trabalhadores de instituições de longa permanência

*Casos em que não é necessário realizar a prova tuberculínica, mas em que é fundamental excluir a doença ativa antes de tratar a infecção latente de tuberculose. **PT com incremento de 10 mm em relação à PT anterior. Para avaliar conversão, é necessário realizar a PT, pelo menos, oito semanas após a primeira aplicação da PT.  Fonte: (BRASIL, 2011).

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Importante - Nos casos de diagnóstico da infecção latente da tuberculose (ILTB) o profissional noserviço de saúde, deve encaminhar o paciente ao médico para que seja afastado odiagnóstico de tuberculose ativa e avaliada a indicação do tratamento da ILTB.
 
Condições que interferem no resultado da Prova Tuberculínica - Alguns fatores interferem nas reações falsamente negativas e positivas à prova Tuberculínica. Quando respondem com reações falsos-negativas, tais causas estão, geralmente, ligadas às condições das pessoas testadas, à própria tuberculina, àquelas relacionadas ao método de administração, à leitura e ou à anotação dos resultados. Os resultados falsos-negativos da prova tuberculínica são mais frequentes do que os falsos-positivos.
 
 

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Prova Tuberculinica

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