A ASTROLOGIA SAGRADA
Signo de ar, que mistério envolve o seu caminhar? (Nico Rezende e Jorge Vercillo)
Há muitos caminhos para o autoconhecimento.
Sem dúvida, poderíamos classificar tais caminhos de diversas maneiras. Permita-me, desta vez, segmentar os caminhos para o autoconhecimento em profanos e sagrados.
Dentre os caminhos profanos, poder-se-ia citar a psicanálise, a psicoterapia, a terapia holística e a autoanálise. Já dentre os caminhos sagrados, sem prejuízo de outros igualmente válidos, vou citar o I Ching e a Astrologia.
Em nossa cultura ocidental, raríssimas são as menções cotidianas ao I Ching. Consequentemente, salvo raras exceções, tem-se pouquíssima familiaridade com esse instrumento sagrado de autoconhecimento. É comum encontrar pessoas que pensam tratar-se de uma espécie de oráculo. Remeto o leitor interessado em descobrir o enorme potencial desse instrumento ao prefácio de Carl Gustav Jung no livro intitulado I Ching escrito por Richard Wilhelm.
Enquanto o caminho de que o I Ching é o mapa permanece grandemente ignorado em nossa cultura, o caminho para o autoconhecimento de que a Astrologia é o mapa restou desvirtuado. Evidentemente, refiro-me às diversas formas de subversão do conteúdo sagrado da Astrologia: Desde as inserções em programas de rádio sob a forma de “previsões diárias” até livros inteiros dedicados a um só signo, mas há inúmeras outras formas. Quanto aos trechos de programas de rádio dedicados ao “que os astros dizem para hoje”, vale observar que são tão despretensiosos quanto rápidos. No que tange aos livros, cabe registrar que foram escritos por especialistas.
Em ambos os casos, não há qualquer espécie de má intenção da parte que os produz.
Não obstante ambas as formas contribuírem para popularizar o tema astrológico entre nós, resta um hiato a ser superado. Com efeito, retomando a analogia proposta acima, poder-se-ia entender a Astrologia como um mapa. Mas, que espécie de mapa seria a Astrologia?
A resposta começa com o objetivo a ser alcançado pela pessoa que recorre ao mapa: o objetivo do autoconhecimento. Dessa perspectiva, o viajante imaginário, que pretende chegar ao autoconhecimento, abre o mapa da sua vida. Em o tendo aberto, pergunta-se: - Qual caminho devo seguir para me conhecer? Considere-se que esse viajante hipotético tenha aberto diante de si seu mapa astral. Nesse mapa, encontrará os elementos que dificultarão ou facilitarão sua caminhada.
Quando se viaja para um lugar desconhecido, para quê serve um mapa? Serve para permitir uma visualização dos elementos geográficos que estão entre o ponto em que se está e aquele aonde se quer chegar. Desse modo, tendo-se um vislumbre do que se pode encontrar até o lugar para onde se vai, pode-se planejar melhor a viagem. Pode-se preparar mais adequadamente o que se vai levar, assim como pode escolher-se o melhor caminho a seguir até o objetivo. São precisamente esses os propósitos de um mapa astral: permitir a quem o busca como instrumento a escolha do melhor, i.e., do caminho consciente para o autoconhecimento.
Como temos – todos nós – uma faculdade divina inata, o livre-arbítrio, podemos escolher um dentre vários caminhos alternativos para o autoconhecimento. Entretanto, diante de um mapa astral, faremos essa escolha ciente de que, talvez, não represente o caminho mais fácil até o lugar em que pretendemos chegar. Recordo-me de um famoso poema norte-americano intitulado “The Road not Taken”, de Robert Frost. Pois bem. Nessa peça literária, o poeta inicia escrevendo que, um dia, ao passear pelo campo, deparou-se com dois caminhos possíveis. Depois de refletir longamente, decidiu percorrer o caminho que aparentava ser o menos percorrido e que, posteriormente, descobrira que tal escolha – a do caminho menos percorrido – havia feito toda a diferença em sua vida! Assim é com a Astrologia. Tome-a como um mapa e a diferença se farão...


As Alternativas de Conexão, Hoje
Acostumamo-nos a pensar que a única forma possível de conexão espiritual é aquela que ocorre por intermédio das religiões. Em especial, das grandes religiões atualmente existentes. Pessoalmente, já pensamos assim. Contudo, hoje, sabemos que há uma variedade maior de caminhos para atingirmos a verdadeira conexão espiritual.
Permita-nos desafiá-lo a fazer a seguinte reflexão: Você acha que Deus, isto é, o Criador Universal, em sendo único, exigiria que a conexão com Ele ocorresse por meio de uma única religião sobre a Terra? Você acha que isso seria justo?
A resposta é, evidentemente, negativa. Em sendo único e universal, o Criador jamais exigiria a intermediação de uma religião para que se pudesse chegar até Ele. Isso porque são tantas e tão diferentes as situações socioeconômicas, culturais e políticas, que seria absolutamente injusto exigir que uma dada forma de conexão, situada em um determinado contexto histórico, cultural, político e social, fossem a exclusiva forma de acesso à espiritualidade e, em particular, a Deus.
Por acaso você acha que Deus abandonaria à própria sorte homens, mulheres e crianças em tribos indígenas que jamais tiveram contato com o “homem branco”? Claro que não!
Logo, a conclusão inelutável a que se chega é uma só: Deus não discrimina entre as formas – sinceras genuínas e honestas – de buscar essa conexão espiritual, desde que não se pretenda causar mal a outrem. Cada um está autorizado a buscar sua própria forma de conexão, na paz da sua consciência. Contanto que não se queira interferir na busca das outras pessoas, impondo-se-lhes esse ou aquele meio. A propósito, para Deus, é absolutamente indiferente que alguém se diga ateu, porque o que verdadeiramente importa para Ele é que a pessoa, interiormente, seja fiel às determinações que emanam do fundo da sua consciência.
Neste ponto do texto, pedimos a você que observe a imagem da jovem mulher submersa, em uma espécie de dança abaixo da superfície. Vamos solicitar que, por analogia, você imagine que a nossa consciência é como a jovem, que “flutua”, em meio ao oceano infinito do cósmico, iluminada, abaixo da superfície. (A superfície representa o mundo sensorial ou material). Imersa nesse oceano sagrado, nossa consciência já está em contato com o meio espiritual e, portanto, com Deus. Desse modo, tudo que realmente devemos fazer é mergulharmos nesse oceano cósmico infinito, a fim de nos encontrarmos com nossa guia iluminada: nossa consciência.
Eis aí a verdadeira forma de nos religarmos a substância essencial, isto é, ao meio sagrado de onde provimos, qual seja, o oceano primordial.

Qualquer pessoa que se encontre consigo mesma estará diante do seu Mestre interior. Todo e qualquer encontro que se promova consigo mesmo, será, também, um encontro com o nosso Mestre interior. Assim sendo, quando nossa consciência humana, discípula dos ensinamentos que advêm desse encontro, demandar a presença do mestre, a Lei autorizará esse encontro mágico e especial, que mudará de vez a vida da pessoa. Ela nunca mais será a mesma.
(Iniciação Espiritual para Leigos – IEPD, p. 152)